Melhores 'aumigas'

De Maricá ao Alasca: carioca viaja em Fusca com cadela

Dupla está há dois meses na estrada

Dupla está há dois meses na estrada
Dupla está há dois meses na estrada |  Foto: Arquivo Pessoal
 

Sabe aquele sonho de pegar a estrada no seu carro, tendo como companhia a sua melhor amiga? Então, esses planos saíram do papel e são a realidade da Marcelly Sauer, carioca de 30 anos que há dois meses deixou uma barbearia em Maricá, na Região Metropolitana do Rio, e embarcou em um fusca, junto da cadela Stella, rumo ao Alasca.

Nascida em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, Marcelly conta que sempre sentiu vontade de rodar o mundo em um fusca. Quando a cadela Stella, de 3 anos, chegou em sua vida, viu nela o incentivo que faltava.

Durante seis anos, Marcelly trabalhou como barbeira em Maricá
  

"A ideia de conhecer novos lugares, pessoas, pegar a estrada sem rumo, sempre foi empolgante pra mim. E quando a Stella chegou na minha vida foi uma época que eu queria muito um cachorro pra me fazer companhia pra tudo! Quando eu vi já tinha o combo pronto. E é impressionante como a Stella se adaptou e se adapta a essas mudanças de ambientes, clima, pessoas. Super curiosa e aventureira", conta. 

Durante seis anos, Marcelly trabalhou como barbeira em Maricá. Foi dali que surgiu a ideia do perfil 'Cada corte uma história', no qual compartilha com os seguidores o roteiro da viagem e de onde vem o dinheiro que financia tudo: cortes de cabelo!

"Eu tinha uma barbearia em Maricá e vendi para seguir meu sonho. Reformei o fusca e saí com mil reais. Já cortei [cabelo] na rua, em posto de gasolina, praça, em casa de seguidor que mandou mensagem dizendo que queria ajudar e receber a gente em casa e em barbearias também", enumera. 

Perregues

Fusca pegou fogo e queimou a parte do motor
Fusca pegou fogo e queimou a parte do motor |  Foto: Arquivo Pessoal
  

Os problemas começaram cedo, já na primeira semana da estrada, Marcelly contou que o fusca pegou fogo. Com pouco dinheiro, a barbeira teve que se virar para dar um jeito.

"Eu estava na divisa de São Paulo com o Rio, em uma cidade que eu não conhecia ninguém. Eu estava dormindo em um posto de gasolina e quando acordei para tomar café, fui ligar ele para mudar de vaga e ele começou a pegar fogo. Eu peguei a Stella correndo e saí gritando. Na hora vieram 3 pessoas e apagaram o fogo. Mas, infelizmente, pegou fogo em quase todo o motor, e eu só tinha 400 reais no banco", relata.

A barbeira precisou ficar cinco dias no posto de gasolina. Para conseguir o dinheiro que restauraria o veículo, ela começou a cortar cabelos por lá mesmo.

Eu me lembro que na hora eu pensei: 'não vai ser fácil, mas eu tô realizando um sonho, é para isso que eu tô aqui, para resolver os problemas que vierem'. Acho que o universo estava falando: 'você tem certeza né? Marcelly Sauer, barbeira
  

Mas os problemas não pararam por aí: "Há umas duas semanas atrás duas rodas do fusca quebraram. A sorte é que eu tinha duas reservas e agora tô juntando grana para comprar essas duas rodas e seguir viagem". 

Sem os perrengues seria sem graça. Na verdade, a vida sem perrengue é sem graça porque é com eles que a gente se conhece mais, pensa mais, sai da caixinha. Nem tudo são flores, mesmo quando você tá realizando um sonho Marcelly Sauer, barbeira
  

Fusquinha adaptado

Carro passou por transformações
Carro passou por transformações |  Foto: Arquivo Pessoal
  

Mas se engana quem pensa que o fusca das duas aventureiras não aguenta o tranco! O veículo sofreu alterações para a viagem.

"Ele só tem o banco do motorista. Tirei tudo pra colocar armário, cama, eletricidade, fogão, caixa d’água. A gente dorme dentro dele .Eu reformei tudo para que ele ficasse o mais auto suficiente possível", destaca.

Rota longa

  • Fusca foi transformado para conseguir atender os clientes de Marcelly
    Fusca foi transformado para conseguir atender os clientes de Marcelly
  • A estimativa da dupla é chegar no Alasca em, aproximadamente, uns 2 anos e meio
    A estimativa da dupla é chegar no Alasca em, aproximadamente, uns 2 anos e meio
  • Stella acompanha Marcelly no período em que elat esta trabalhando em uma barbearia em Piracicaba
    Stella acompanha Marcelly no período em que elat esta trabalhando em uma barbearia em Piracicaba
  • A estimativa da dupla é chegar no Alasca em, aproximadamente, uns 2 anos e meio
    A estimativa da dupla é chegar no Alasca em, aproximadamente, uns 2 anos e meio
  • A estimativa da dupla é chegar no Alasca em, aproximadamente, uns 2 anos e meio
    A estimativa da dupla é chegar no Alasca em, aproximadamente, uns 2 anos e meio
  • A estimativa da dupla é chegar no Alasca em, aproximadamente, uns 2 anos e meio
    A estimativa da dupla é chegar no Alasca em, aproximadamente, uns 2 anos e meio
  • Fusca foi transformado para conseguir atender os clientes de Marcelly
    Fusca foi transformado para conseguir atender os clientes de Marcelly
  

Por enquanto, Marcelly e Stella já cruzaram o interior do Rio, pegando toda Dutra até São Paulo. Durante a elaboração da reportagem, no dia 5 de setembro, a dupla estava em Piracicaba.

"Daqui eu vou pra Minas ( Uberlândia ) e depois para Goiás. Eu quero conhecer boa parte do Brasil durante esse primeiro ano. Quero pegar experiência para quando eu sair do Brasil, porque vai ser mais difícil. Outro idioma , outras culturas totalmente diferentes. Eu quero subir até o Ceará e depois fazer a costa toda até o Sul do Brasil e depois a segunda parte é continuar descendo até o Ushuaia e pegar a rota panamericana que é a rota mais famosa dos viajantes. Ela corta 14 países e tem aproximadamente 30 mil km de extensão", detalha. 

Destino final

A estimativa da dupla é chegar no Alasca em, aproximadamente, uns dois anos e meio. Mas Marcelly garante que não tem pressa, já que está aproveitando bem o trajeto. 

"Eu acho que o Alasca na verdade é toda a viagem. Eu vejo que esse tempo até eu chegar lá eu vou aprender muito! Eu tô muito aberta a isso! Eu realmente me abri para o mundo e é essa a parte mais legal. Eu acho que vou chorar muito quando chegar lá", afirma.

'Aumiga'

Marcelly encontrou na Stella uma amizade indestrutível
Marcelly encontrou na Stella uma amizade indestrutível |  Foto: Redes Sociais
  

Segundo Marcelly, a longa viagem, em grande parte, não tem sido nem um pouco solitária, já que pode sempre contar com a companheira de quatro patas.

"Eu confesso que não conseguiria sem a Stella! Ela é o meu Porto Seguro, o grande amor da minha vida! Quando eu tô me sentindo sozinha ou com saudade de algo eu abraço ela e converso com ela, acho que ela me entende", diz.

Questionada se em algum momento pensou em desistir da ideia, a barbeira foi certeira: "Nunca pensei em desistir! Eu tô muito feliz ! Eu sinto que tô fazendo algo de verdade. Através da minha profissão conhecer o mundo. E eu tenho um caderno de anotações. Lá eu escrevo dos meus processos, meus momentos de dificuldades, coisas que vivi que eu quero guardar comigo. Eu quero muito que os meus netos e filhos leiam e fiquem com o legado de que podemos fazer tudo desde que seja com amor". 

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